Sou completamente a favor de um Museu Salazar, ou lá como lhe querem chamar.
Também eu, quero esse museu. Quero um museu que não deixe cair no esquecimento as dezenas, centenas de milhar de vítimas da guerra colonial, que não se esqueça dos deportados políticos para o degredo da Guiné ou de Timor, um museu que nos lembre os mortos do Tarrafal e os que tombaram nas várias revoltas que deflagraram desde 1926 até 1974.
Espero que esse museu tenha uma vitrina para os espanhóis que se refugiaram em Portugal durante a guerra civil e que Salazar mandou devolver a Franco, para que pudessem ser devidamente torturados e eliminados. Quero um museu que tenha lá em lugar de destaque Humberto Delgado, assassinado a tiro em 1965 em Vila Nueva del Fresno pelos PIDES Rosa Casaco, Agostinho Tienza e Casimiro Monteiro.
Um museu assim, ocupar-nos-ia durante horas ou dias. Estou certo que iria vasculhar todas as prateleiras, até encontrar os actos heróicos que levaram à morte (em 1968) de Manuel Agostinho Góis, trabalhador agrícola de Cuba, Alentejo, torturado até à morte pela polícia política salazarista, ou de Herculano Augusto, morto à pancada no posto da PSP de Lamego ou do estudante Daniel Teixeira, morto em Caxias.
Viajaríamos por esses corredores, como se fosse numa máquina do tempo, até encontrar todas as outras vítimas desse regime. E foram tantas, tantas.Um museu assim seria um belo museu, sem dúvida. Ainda melhor se nos lembrasse a magnífica Lei do Condicionamento Industrial, com que Salazar impediu o desenvolvimento do país e nos votou ao atraso tecnológico até hoje. Que visão, que estadista de estalo, esse Salazar.
Um museu que nos lembrasse a privação de liberdade, a ausência de democracia, a menoridade das mulheres, o analfabetismo, esse belo país tão bem representado pela imagem do burro e da carroça, como éramos vistos pelo resto do Mundo.
Acho mesmo que é urgente a constituição de um museu assim.
O meu voto de apoio ao senhor presidente da autarquia de Santa Comba Dão.
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