Se recuarmos duas ou três décadas, o número de alunos que conseguiam entrar para a Universidade era muito inferior.
As causas passavam pelas dificuldades financeiras, mas por outros factores como o facto de alguns irem aprendendo profissões (começavam nas férias de Verão e como tinham jeito, ganhavam um dinheirito e arranjavam emprego, lá continuavam e hoje são bons profissionais) e outros manifestamente não conseguirem concluir o ensino secundário e ter nota nos exames nacionais.
Com a massificação do ensino, criou-se a ilusão que TODOS os alunos podem e devem entrar para a Universidade, independentemente de serem cábulas, terem dificuldades de aprendizagem ou interesses completamente divergentes dos académicos.
Para que essa ideia vingasse, havia que reduzir a exigência e assim surgiram as benesses nas notas (os professores tinham toneladas de papéis para justificar as notas fracas e pressões constantes para serem "mãos largas"), na facilidade dos exames e até se chegou a entrar com médias negativas.
Ora com a fasquia tão baixa, era de crer que começavam a surgir os "dezanoves" e os "vintes" aos montes. Pois, quem se aplicasse e tivesse capacidades, com provas mais acessíveis, facilmente brilhava (sim, não tenham ilusões que em 10 anos não surgiu um "boom" de inteligência que levou as médias a subirem 3 e 4 valores - não me refiro apenas às médias de entrada, mas às médias dos exames nacionais). Isto não é bom para ninguém, pois mesmo os 18 e os 19 podem não ser suficientes para o curso que lhes interessa...
Com os actuais níveis de desemprego jovem (principalmente entre os licenciados), não estará na hora de mudar de rumo?
A Alemanha e a Suíça têm taxas de desemprego jovem abaixo dos 10% e Portugal ultrapassa os 30%. A Alemanha e a Suíça mantiveram há muitos anos o ensino vocacional (onde apenas 25 a 30% dos alunos seguem para a Universidade), ou seja, apenas os melhores!
Os restantes, de acordo com as suas opções e com os orientadores vocacionais, vão tendo a semana dividida entre aulas na escola e formação em contexto de trabalho (em empresas).
Agora que Portugal tem (e bem) a escolaridade obrigatória até ao 12º ano (ou aos 18 anos), não será boa ideia apostar num ensino profissionalizante a sério???
Já o tivémos, pois as escolas comerciais e industriais formaram grandes profissionais que em muito ajudaram o país.
Já sei que alguma "esquerdalha" me vai chamar elitista, mas estou na educação há muitos anos e passei por muitos sectores e ciclos (do 1º ao superior e de alunos com necessidades educativas especiais a Universidades Seniores, de cursos de Educação e Formação a processos RVCC, de escolas de província e de centros urbanos, etc.) e vivenciei pessoas que mesmo atingindo a certificação, sentiam a terrível frustração de não terem a qualificação.
Aliás, tenho até um exemplo de como o sistema "obrigou" um menino (com notório atraso no desenvolvimento cognitivo) a ir sempre transitando, até que concluiu o 9º ano.
Como o jovem não sabia ler, não tinha competências para frequentar qualquer curso de equivalência ao 10º ano, mas como já tinha concluído o 9º, não podia frequentar nenhum curso de nível inferior.
Ou seja, o "sistema" com o seu cariz facilitista conseguiu "cortar as pernas" a este desgraçado que tinha certificação de 9º ano mas não sabia ler ou escrever (acabou por ir para casa de uns familiares, trabalhar na vacariça, para a zona da Tocha).
3 comentários:
Há anos que venho defendendo este tipo de medidas.
Em cada turma há 3 alunos que não querem saber do ensino para nada. Rigorosamente nada.
Há que dar-lhes saídas profissionais e tirá-los da escola curricular.
Um electricista ganha o triplo de um professor sem se chatear muito. Um canalizador menos, porque tem menos serviço. Mas à hora e à peça ainda ganha mais.
Há que pôr os miúdos avessos ao estudo com ferramentas nas mãos.
Com estas 3 profissões: agricultor, electricista ou canalizador, trabalho nunca lhes faltará e poderão prover sustento para as suas famílias.
E os professores poderão dedicar-se aos que querem prosseguir estudos... de licenciatura em mestrado e de pós-graduação a doutoramento... até ao desemprego final.
Apoio totalmente esta filosofia, contrária à miséria da escola inclusiva que esteve em moda durante os últimos 10 anos, e que apenas serviu para as estatísticas: para se passarem analfabetos de ano para ano.
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Mas como não te assumes...
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