A actuação deste governo

Factos:

- herdou contas públicas miseráveis, um acordo assinado com quem nos empresta dinheiro (troyca), um desemprego em crescendo nos últimos anos, um povo habituado à "subsidiodependência", regalias loucas em alguns sectores, compromissos assumidos pelo anterior governo nas rendas e PPP que deviam ser investigadas, para agir criminalmente, e muitas outras agravantes que não cabiam aqui.

- no primeiro ano, abriram o jogo e pediram sacrifícios a uma grande parte dos pensionistas e de trabalhadores. A malta compreendeu, embora ficar sem 4 ordenados cá em casa (por exemplo), tenha sido um ajuste muito forte.

- este ano esperava-se que os sacrifícios pedidos mostrassem melhores resultados, mas não houve o cuidado de explicar que não é possível criar emprego enquanto o poder de compra descer tão acentuadamente, ou seja, estas coisas demoram tempo e a recessão e o desemprego gravíssimos não terminam num ano.

- esperou-se um aumento nas taxas máximas de IRS (para as grandes fortunas), cortes brutais nas mordomias de actuais e principalmente ex-políticos, cortes nas Fundações e Institutos, renegociações nas rendas e das PPP, redução nas nomeações duvidosas de boys, etc...

- sobre estas medidas, apenas foram enunciadas intenções, mas sobre os cortes ao "mexilhão", foram indicadas em concreto (com datas, % e outros pormenores).

Premissas:

- é sabido que renegociar com grupos económicos fortíssimos, mexer em entidades poderosas ou em antigos Presidentes da República ou ex-ministros, é extremamente difícil. Mas o fácil todos fazem e se na conjuntura actual (onde se pedem sacrifícios enormes ao povo), não conseguem alterar essas injustiças, jamais o conseguirão.

- tem sido evidente que não são apresentadas alternativas a estas políticas, pois é sabido que PCP e BE apenas dizem para expulsar quem nos emprestou/empresta dinheiro e orgulhosamente gritam "não pagamos!", como se fossem irreverentes adolescentes. Já os socialistas, órfãos do "quase-engº" teimam em não ter uma posição forte de corte com o passado, mantendo na ribalta Zorrinhos, Silvas Pereiras e muitos outros responsáveis pelo actual estado do país, a falarem como se não tivessem nada a ver com isto.

- se houver uma gota de memória e um pingo de decência, NUNCA qualquer dos governantes do (des)governo anterior que durou 6 anos, pode ser candidato/eleito para qualquer cargo público

Notas:

- há um claro cavalgar por parte de sindicatos, esquerda em geral e até alguma opinião pública (a memória é pouca) relativamente ao anúncio feito pelo Primeiro Ministro, pois para os funcionários públicos, praticamente mantém o que foi anunciado o ano passado e estaria em vigor até 2014 (poucas novidades, portanto), já para os privados... já contavam que lhes mexessem no "queijo" e um dos subsídios era expectável que "voasse", tal como aconteceu.

- a Tribunal Constitucional fez um favor ao governo, ao dizer que a distribuição dos sacrifícios não estava a ser justa (e realmente não estava), mas não foram reduzidos os cortes, antes alargados a mais sectores do país. 

Pessoalmente, sem ver aplicadas algumas das medidas que atingem outros sectores da população (muito ricos, ex-políticos, etc...), de resto como o "sem sal" do Presidente da República deu a entender, concordo com quem pensa: "eles protegem os ricos para quando saírem do poder lhes pedirem colo".