Brevemente "desancarei" no governo, mas hoje fica esta opinião que veio no Expresso...
«Um membro do Banco Central da Islândia apareceu em Portugal para instruir os nativos. Gylfi Zoega, o génio do gelo, diz que Portugal devia investigar quem está na origem do elevado endividamento do país. É preciso descobrir, diz ele, a razão de fundo que levou os governos e os bancos a pedir tanto dinheiro emprestado
. Confesso que tenho dificuldade em compreender esta sugestão de julgamento (em tribunal?) de líderes democráticos que governaram às claras depois de terem sido eleitos às claras. Democracia não é sinónimo de verdade, e maioria não é sinónimo de ter razão.
Por outras palavras, um líder eleito não é dono da verdade, logo, pode
cometer erros. À posteriori, não faz sentido julgar criminalmente estes
erros, porque os ditos resultaram de escolhas livres e aprovadas pelo
eleitorado. Não há aqui teorias da conspiração, há apenas consequências
políticas de escolhas políticas.»
«Se a minha memória não me falha, Sócrates duplicou a dívida soberana de Portugal durante os seus seis anos de governação. Porquê?
O PS venceu duas eleições prometendo coisas que dependiam do crédito
obtido nos tais mercados internacionais. Exemplos? Em 2009, Sócrates
aumentou a função pública e prometeu mais obras públicas. Nesse mesmo
ano, Manuela Ferreira Leite e muitos outros avisaram vezes sem conta
contra os perigos do endividamento. Os portugueses não quiseram saber, e
foram atrás do "direito ao TGV" e outras demências. Que outro
tipo de demência? Por exemplo, uma região sentia-se inferior caso não
tivesse uns quilómetros de auto-estrada a passarem pelo seu território.
As PPP e as ex-Scuts do dr. Paulo Campos nasceram destas ânsias
populares. Quem foi o responsável pelo endividamento do Estado? Para
responderem a esta pergunta islandesa, os portugueses não precisam de um
tribunal, só precisam de um espelho.»
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