Há alunos com cerca de 12 anos em que:
- Um não tem televisão em casa
- Outro tem vergonha de andar na rua porque o pai tem muitas dívidas e as pessoas "apertam" com o miúdo
- Uma tem o pai preso por lhe ter feito um filho (sim, à própria filha).
- Outro, aos 10 anos encontrou o pai enforcado na casa de banho lá em casa
- Outro ainda, tem os pais e irmãos em Inglaterra, mas recusam-se a levá-lo, ficando cá com os avós, bastante idosos
Gritar com eles para estarem concentrados e aprenderem? Ou tratá-los como seres humanos, crianças com sentimentos e problemas tão graves que os impedem de se focarem nos livros, quando a cabecita está a milhões de Kms dos fósseis e dos vulcões que tento explicar?
Olhá-los nos olhos, partilhar as suas preocupações, ainda que em silêncio (pois estes assuntos são sigilosos) ou mesmo ir junto de um que esteja mais distraído e colocar-lhe apenas a mão no ombro (percebem melhor do que um berro dado junto à mesa do professor).
Humanismo, precisa-se!!!
Não me canso de dizer isto, pois a crítica fácil e a falta de compreensão torna-nos pouco humanos e as escolas devem ser espaços onde as pessoas devem contar.
Se não dou raspanetes? Dou! E de que maneira...
Mas, banalizar os gritos e insistir nos castigos e más notas, sem tentar perceber o que pode estar por trás de comportamentos desajustados, não será a melhor estratégia.
Digo eu que só tenho 19 anos disto, com públicos o mais díspar possível (adultos, pós-laboral, ciganos, CEF, institucionalizados, todos os ciclos de ensino, EFA, universitários e agora até seniores).
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