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«São meus discípulos, se alguns tenho, os que estão contra mim, porque esses guardaram no fundo da alma a força que verdadeiramente me anima e que mais desejaria transmitir-lhes: a de se não conformarem.»
Professor Agostinho da Silva





20 julho 2008

Futebol de rua

Ontem realizou-se a final distrital de Futebol de rua.

A prova decorreu em Cantanhede (Largo Marquês de Marialva) e durou todo o dia.
Depois do ano passado termos vencido a fase concelhia e conquistado o 2º lugar na fase distrital, este ano havia uma novidade...
A equipa vencedora participaria, como no ano passado, na fase seguinte - Nacional e um jogador da equipa vencedora iria representar a Selecção Nacional de Futebol de rua, que disputará o Mundial em Dezembro, na Austrália.
Motivação não faltava mas, tivemos duas baixas à partida, pois 2 jovens inscritos foram passar uns dias com a família deixando-nos sem guarda-redes.
Ainda assim, apurámo-nos com vitórias por 16-1 e 5-2 para a meia-final, onde vencemos por 9-0.
Tudo fácil, o nosso melhor jogador (e do torneio) já levava mais golos sozinho do que qualquer equipa e eu fui sondado dobre a possibilidade, caso vencessemos a final, do rapazola ir à Selecção e à Austrália. A emoção cresceu...
Começou a final e um erro do nosso guarda-redes improvisado coloca-nos a perder 1-0.
Rapidamente a equipa e principalmente o nosso craque dá a volta e depois do 1-1 marcámos mais um golo e fomos a vencer para o intervalo.
Começa a 2ª parte e novo golo nosso. Faltavam 4 minutos (cada parte tem 7 minutos cronometrados) mas uma bola bate na base do nosso poste direito, depois no esquerdo e caprichosamente vem para as mãos do guarda-redes.
Como no Futebol de rua não há bola ao meio campo, seguindo do guarda-redes cada vez que há golo, um árbitro disse que a bola não tinha entrado, mas o outro árbitro disse que era golo.
Lá fomos aguentando a agora e falsamente diminuída vantagem até que, após muitas faltas e admoestações para a minha rapaziada, lá consentimos o empate (excelente jogada do adversário).
Faltava menos de 1 minuto. Desilusão!
Mas, uma equipa com o nosso craque, pode sempre acreditar e a pouquíssimos segundos do final, marcou o 4-3.
Estávamos lá! Tínhamos ganho a final e iríamos disputar a fase Nacional! O nosso melhor jogador iria à Austrália! Seria Internacional!
Mas, ainda festejavamos quando uma bola lançada rapidamente dá um empate já depois da hora, o que não pode acontecer em jogos com tempo cronometrado. Além de ter sido apontado dentro da área, o que também não é permitido neste desporto.
Com golo e as discussões que se seguiram, o jogo acabou (o que deveria ter acontecido uns segundos antes).
Imediatamente penaltis. Vamos lá!
Não conseguimos marcar um único penalti, tal o nervosismo, a desolação e sobretudo a injustiça pela forma como nos empataram.
Parabéns à equipa vencedora - Obra do Frei Gil.
Pêsames à arbitragem (num desporto para desfavorecidos, exigia-se justiça, pois já se sentem injustiçados vezes demais).
Muitos parabéns à minha rapaziada, não só pela prestação desportiva - fomos os melhores, mas pelo fair-play demonstrado durante toda a prova - inclusivamente nos momentos de lazer entre os jogos (conviveram facilmente com a comunidade cigana, toxicodependentes em tratamento, deficientes motores...) sem qualquer preconceito ou escárnio.
Quanto às minhas mágoas, a injustiça que a arbitragem provocou e principalmente a " não ida" do meu campeão à Selecção Nacional.
Para terem noção da emotividade e da empatia que estes eventos ajudam a construir, deixo a expressão do craque, quando se despedia de mim ao final da tarde: "Stôr desculpe! Não deu para mais..."
Mostrando que os mais de 25 golos que marcou foram mais para me agradar do que para ele próprio viver uma experiência única...

Zézito, és o maior!!!

2 comentários:

kokabyxynhos disse...

Pelos vistos, campeão, o apito dourado perante situações destas...
Esses escroques que apitaram e cornometraram o jogo (que malha tão bem dada)por terem roubado a uma criança um sonho quiçá agora irrealizável, deveriam ser rigorosamente punidos. Se as leis dos homens não funcionam, talvez haja outro tipo de punição. Aguade-se por essa justiça.

JPG disse...

No final do jogo, o capitão da minha equipa não foi receber a medalha, em sinal de protesto com a equipa de arbitragem e por solidariedade com o companheiro.

Lá consegui que todos fossem bater palmas à equipa vencedora e esforcei-me para não olhar para as "ventas" do tal árbitro, pois os dentistas estão caros e ele não tinha aspecto de ter muitas posses...