A enclavar desde 2005

«São meus discípulos, se alguns tenho, os que estão contra mim, porque esses guardaram no fundo da alma a força que verdadeiramente me anima e que mais desejaria transmitir-lhes: a de se não conformarem.»
Professor Agostinho da Silva





11 setembro 2008

Menos chumbos este ano!!!

Texto (verídico) retirado de uma prova livre de Língua Portuguesa, realizada por um aluno do 9º ano, numa Escola Secundária das Caldas da Rainha (para ler, estarrecer e reflectir...!!!)


REDAXÃO

"O PIPOL E A ESCOLA"
Eu axo q os alunos n devem d xumbar qd n vam á escola. Pq o aluno tb tem direitos e se n vai á escola latrá os seus motivos pq isto tb é perciso ver q á razões qd um aluno não vai á escola. primeiros a peçoa n se sente motivada pq axa q a escola e a iducação estam uma beca sobre alurizadas. Valáver, o q é q intereça a um bacano se o quelima de trásosmontes é munto montanhoso? ou se a ecuação é exdruxula ou alcalina? ou cuantas estrofes tem um cuadrado? ou se um angulo é paleolitico ou espongiforme? Hã? E ópois os setores ainda xutam preguntas parvas tipo cuantos cantos tem 'os lesiades', q é um livro xato e q n foi escrevido c/ palavras normais mas q no aspequeto é como outro qq e só pode ter 4 cantos comós outros, daaaah. Ás veses o pipol ainda tenta tar cos abanos em on, mas os bitaites dos profes até dam gomitos e a malta re-sentesse, outro dia um arrotou q os jovens n tem abitos de leitura e q a malta n sabemos ler nem escrever e a sorte do gimbras foi q ele h-xoce bué da rapido e só o 'garra de lin-chao' é q conceguiu assertar lhe com um sapato. Atão agora aviamos de ler tudo qt é livro desde o Camóes até á idade média e por aí fora, qués ver??? O pipol tem é q aprender cenas q intressam como na minha escola q á um curço de otelaria e a malta aprendemos a faser lã pereias e ovos mois e piças de xicolate q são assim tipo as pecialidades da rejião e ópois pudemos ganhar um gravetame do camandro. Ah poizé. tarei a inzajerar?

10 comentários:

Unknown disse...

O fadum è que induca e o vinho è que instrói.

Anónimo disse...

"Sr. professor!! Posso-lhe perguntar uma coisa??"

"Você facilita o ano lectivos dos seus alunos?!"
... pois... e a culpa é do outro!!!

Quando tudo chumba, estamos a lutar por uma melhor educação... Epá... agora quando esses chumbos reduzem... algo está mal!!

Bom Senso... sabem o que é?! Tirem as... "palas" dos olhos.

Grande abraço jpg

Anónimo disse...

"outro dia um arrotou q os jovens n tem abitos de leitura e q a malta n sabemos ler nem escrever"

A culpa é de quem? Do governo? Do sócrates?

O que vale é que vocês (Profs) não são todos iguais... Valha-nos isso!!!

JPG disse...

Os hábitos de leitura começam antes mesmo de os meninos andarem na escola.

Agora descobre de quem será a maior parte da culpa...

Destas coisas, percebo eu...

Ensino não é futebol!

Anónimo disse...

Pois, o mal é mesmo esse, lá porque és prof. não quer dizer que sejas dono da razão no que ao ensino...

Existem outros da tua área, o ensino, que não pensam exactamente assim e pelo que sei, ele também percebem algo do assunto.

"ensino não é futebol"... pois, felizmente tenho 2 dedos de testa para perceber isso, só que ás vezes com tanta manifestação fico um pouco confuso!!!

Aquele abraço

Anónimo disse...

Peço desculpa mas este post não vou ler, mas não é por não querer, é mesmo por não conseguir!

JPG disse...

Não é fácil...

PedrasTuas disse...

Como professora de português aqui fica o meu comentário.
Sim, este é um exemplo de um 'texto' que não difere muito de alguns que já me passaram pelas mãos.
A culpa não é de Sócrates, é certo, mas as políticas educativas do seu governo em nada têm contribuido para melhorar a situação.

Agora só mais uma nota:
Sei que a leitura do texto é difícil.Para além da parafernália de novas palavras e formas outras de escrever a língua de Camões - e ainda se queixam dos hiperbatos na sua obra "Os lesiades" - eu li neste 'texto' aquilo que há muito acredito estar a acontecer aos jovens portugueses no seu relacionamento com a escola. Esta nada lhes diz. A escola é uma chatice e os professores uma seca (bem sei que os há bons e que tentam lutar para inverter esta situação)! A escola nada traz ao jovem que o desafie. Está em "contra-mão" na via acelarada de uma vida que demanda uma escola em construção activa; uma escola na qual o jovem encontre os seus interesses transformados em formas de aprendizagem. Numa palavra, uma escola para os alunos. Sim, porque, NÂO, as nossas escolas não existem porque existem alunos. Existem na tradição da pretensão de se "ensinar" à moda e da forma que o professor quer e o programa exige. O sistema educativo tem de mudar. A vida nas escolas tem de ser alterada. "Pelo sonho é que vamos" - são as sábias palavras de um grande educador que me fazem ainda acreditar que um dia não estarei tão sozinha. Atenção! Sei que há mais quem tenha outras perspectivas de escola, e algumas já colocadas em prática com resultados - a Escola da Ponte, por exemplo, que é para mim um ponto de referência.

Anónimo disse...

Apesar de não estar de acordo com tudo o que foi escrito neste último comment, gostei!

Vejo que esta professora está mais preocupada em fazer bem o que sabe e contribuir para um melhor ensino em Portugal do que andar sempre preocupada em críticar este ou aquele.

"A escola é uma chatice e os professores uma seca (bem sei que os há bons e que tentam lutar para inverter esta situação)!"

Esses professores (os bons) estão somente a pagar pelos que se estão "nas tintas" para o ensino em Portugal, esses preocupam-se mais em críticar tudo e todos tendo em vista a carreira pessoal... só a carreira!

Mais uma vez, gostei bastante do que li, vê-se que não é uma ópinião tendeciosa ou de sindicatos! Parabéns.

PedrasTuas disse...

Tendências todos nós temos. Desde logo que fui tendenciosa pois coloquei-me e analisei o post como professora. E neste caso de português (provavelmente essa foi a razão pela qual decidi comentar o post). Um texto como o que foi apresentado deixa-me triste, pois como disse já os recebi parecidos e o trabalho a desenvolver com esses alunos é muito mais exigente e por vezes desesperante. E com efeito, nessas alturas não estou a pensar na carreira, nos sindicatos, nas manifestações...
Mas a verdade é que em qualquer profissão um "funcionário" feliz é um "funcionário" produtivo. O problema dos professores e da sua luta em prol da carreira é (talvez) igual à de qualquer trabalhador que quer e tem direito a ter melhores condições de trabalho. Sei que não é apenas a questão das condições de trabalho que está em causa aquando das manifestações dos professores. Estão em causa "direitos" e hábitos enraizados.
Fico contente que o comentador rapsag tenha gostado Calculo que não seja professor. Por vezes é difícil explicar em que é que é que a nossa profissão é diferente. Não tentarei fazer. Na verdade, a única certeza que tenho é que gosto do que faço.