A enclavar desde 2005

«São meus discípulos, se alguns tenho, os que estão contra mim, porque esses guardaram no fundo da alma a força que verdadeiramente me anima e que mais desejaria transmitir-lhes: a de se não conformarem.»
Professor Agostinho da Silva





17 abril 2009

Eutanásia

Um médico, professor numa prestigiada faculdade de Medicina, dirige-se aos seus alunos e fala-lhes da necessidade de manter a mente aberta e de rever velhos clichés que a passagem do tempo ameaça declarar obsoletos.
Fala-lhes, em suma, da necessidade de a humanidade e, em concreto, a profissão médica, comecem a aceitar a ideia de uma morte digna e, mais do que isso, libertadora, em alguns casos limite.
Para convencer o seu auditório, o médico cita-lhes um caso real, de um dos seus pacientes, precisamente aquele que o fez repensar as suas opiniões sobre a eutanásia:
- Reparem, o meu doente não funciona por si próprio: não fala, não entende nada do que lhe dizem, sofre terríveis depressões, acessos incontroláveis de choro, que às vezes duram minutos ou até horas, com grandes espasmos de dor. Incontinente do aparelho urinário e dos intestinos, precisa que lhe mudem continuamente a roupa. A sua digestão é problemática e é rara a vez que não termina em vómitos.
Sinceramente, isto é vida? Não seria melhor libertar o meu doente do seu horror e a sua família do sofrimento de estar pendente de uma pessoa assim, com a qual é impossível conviver?
O professor submeteu a sua proposta à votação e a maioria dos alunos presentes, após se referirem à eutanásia activa, passiva e esboçarem uma série de considerações, decretaram que sim, que o mais humano era libertá-lo do seu horror.
O professor, então, empenhou-se em mostrar uma fotografia do paciente. Todos os presentes puderam contemplar, no quadro de projecção, um bebé de três meses, rechonchudo e saudável.
Não, não é brincadeira. Isto aconteceu numa aula da Faculdade de Medicina da Universidade de Navarra, quando muitos alunos já se tinham decidido pela tese humanista: libertar a criatura dos seus sofrimentos e dores.
Tenho para mim que tudo na vida depende do amor que se põe nas coisas e que a pessoa nunca se pode considerar, nem no início, nem no fim da vida, como um empecilho ou alguém incapaz de produzir e de colaborar.

3 comentários:

Jalg disse...

Uma excelente reflexão para começar o dia. Está muito boa e dá que pensar!

Anónimo disse...

Isto da eutanásia é como por exemplo ,uma mulher andar grávida e o doido do médico diz á mãe , a srªvai dar à luz uma criança deficiente:-e depressa lhe metem em cabeça para fazer um aborto. pasme-se .e se esse mesmo bebé já estivese cá fora? era abandonado por ser deficiente?atrevo-me a pensar que sim.

JPG disse...

A eutanásia tem contornos diferentes do aborto, embora se relacionem.

Mas desta vez, falemos de eutanásia...

Pessoalmente, pelas situações que a vida me fez acompanhar, mudei de opinião meia-dúzia de vezes e não serei perentório nem a favor, nem contra.