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«São meus discípulos, se alguns tenho, os que estão contra mim, porque esses guardaram no fundo da alma a força que verdadeiramente me anima e que mais desejaria transmitir-lhes: a de se não conformarem.»
Professor Agostinho da Silva





15 dezembro 2014

"Tenho horror a pobre!" Ass: Caco Antíbes

Já pensei várias vezes neste tema e talvez até já aqui tenha escrito sobre ele, mas depois de ler o que o agora meu amigo Luís Quintãs AQUI escreveu, não pude deixar de corroborar.

Há 3 ou 4 décadas atrás, era recorrente ver pessoas a pedir às portas. Nem sempre eram de etnia cigana e raramente eram da nossa freguesia.

Aceitavam batatas, couves, roupa, ovos ou até alguma galinha que uma abastada e altruísta senhora lhe dava, normalmente por pena do "rancho" de filhos, sujos, maltrapilhos e ranhosos que acompanhavam a "matriarca".

Este cenário não aconteceu há 200 anos, pois tenho ainda presente na memória essas figuras que me deixavam com lágrimas nos olhos.

Nos últimos anos, felizmente, esse cenário desapareceu. No entanto, o apoio social que aumentou exponencialmente no pós-25 de Abril, não chega a todo o lado e agora temos "novos pobres".

Vão buscar alimentos a instituições, mas, preferencialmente, a horas em que não sejam muito expostos.

Uma das +principais diferenças é que não pedem, exigem!!!

Exigem apoios sociais das instituições estatais, das misericórdias, Cáritas e outras entidades de solidariedade social.

Claro que há excepções, mas aceitar a condição de necessitado é coisa rara. Mesmo para quem precisa de quase tudo.

Lá andamos nós - os que gostamos de ajudar quem necessita - com mais uma preocupação: angariar bens, mas sem "publicitar", pois a vergonha de aceitar ajuda às vezes é "mais que muita".

Enfim, se quisermos polarizar a questão entre "esquerda" e "direita", direi que estou no meio, pois por um lado entendo que a condição não pode ser inibidora e quem precisa deve assumir, para ser ajudada sem preconceitos, mas por outro, já basta tudo o que vivem e sentem, quanto mais ainda terem que ter o estigma de serem vistos como pobres.

O ideal seria não haver necessitados, mas já que tal não é possível no curto/médio prazo, pelo menos que tal seja encarado com necessidade e com uma noção de rotatividade clara. Ou seja, quem ajuda, amanhã pode precisar e quem hoje é beneficiado, amanhã pode (e deve) ajudar.

Sem demagogia, constrangimento, vergonha ou repugnância.

Penso eu de que...

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