A enclavar desde 2005

«São meus discípulos, se alguns tenho, os que estão contra mim, porque esses guardaram no fundo da alma a força que verdadeiramente me anima e que mais desejaria transmitir-lhes: a de se não conformarem.»
Professor Agostinho da Silva





13 janeiro 2017

Agora que já se pode ligar a TV...

... sem levarmos com horas de lavagem cerebral sobre um homem que "forçosamente2 só tinha virtudes. 

Assim como uma mistura entre Madre Teresa de Calcutá, Gandhi, Mandela e quase o próprio J.C.

Recordemos factos:

Em 2005 foi copiosamente derrotado nas presidenciais pelo mesmo Cavaco Silva que detestava. “Devo ir porque tenho condições para ganhar isto. O Cavaco, que disparate!”, dizia.

O pai da pátria teve apenas 14,3% dos votos, foi humilhado por Cavaco que conseguiu mais de 50% à primeira e pelo seu colega de partido Manuel Alegre que recebeu mais 350,000 votos que ele. 5 anos depois apoiou Fernando Nobre que repetiu os seus 14% e o terceiro lugar, vendo Cavaco ser eleito mais uma vez à primeira, com mais de 53% dos votos. E, não acertando uma, apoiou Sampaio da Nóvoa, o político com o discurso mais insípido e oco deste século que seria outra vez copiosamente derrotado para um candidato apoiado pela direita.

A isto somaram-se as derrotas sucessivas do seu filho no campo político (PS, Câmara de Sintra, Saída do governo). O clã Soares é agora perdedor sistemático e o ressabiamento do patriarca da família é notório.

As condecorações que foi recebendo e as homenagens que lhe foram realizando fizeram-no acreditar que ainda teria alguma coisa a dizer, mas a realidade é que os últimos anos de Soares foram penosos. A incompreensão pelo mundo que o rodeava que apelidava de neo-liberal a torto e a direito, a participação em eventos ao lado da esquerda mais radical, o apoio a regimes pouco recomendáveis como o Venezuelano e a defesa patética que fez do encerramento dos órgãos de comunicação social independentes por Chavez, o discurso ignorante contra a Sra. Merkel e a quantidade impressionante de tontices que debitou nos últimos anos de vida, tudo isto são coisas que não se apagam.

Como corolário, Soares brindou-nos semana após semana com os artigos mais confrangedores de que há memória.

Mário Soares foi um político que teve muito sucesso durante grande parte da sua vida, lutou contra uma ditadura, ajudou a impedir outra e fez parte de um governo que, de alguma forma, salvou Portugal. Pela minha parte, muito obrigado.

Mas não é o Pai da Pátria, o Pai da Liberdade ou o Pai da Democracia. Pai só do João e da Isabel. 

Descanse em paz.

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