A enclavar desde 2005

«São meus discípulos, se alguns tenho, os que estão contra mim, porque esses guardaram no fundo da alma a força que verdadeiramente me anima e que mais desejaria transmitir-lhes: a de se não conformarem.»
Professor Agostinho da Silva





20 fevereiro 2009

Elites e Profetas

Medina Carreira diz:
“Parte da elite económica e política está podre. Andamos a provocar a rua”.
Uma frase dura, cheia de significados. Esta crise foi feita por políticos e economistas, “elite” incompetente, bem paga. Essa “elite” durante anos não poupou elogios à globalização. A globalização era modelo de modernidade, estabilidade, fartura.
A concorrência e a competitividade eram palavras que enchiam discursos. As empresas deslocalizavam-se, era a globalização. As multinacionais impunham condições para se fixarem, e as condições eram concessão de subsídios, benefícios fiscais, leis de trabalho a lembrar a servidão, e essas exigências eram leis da globalização.
Os anos foram passando. Chegamos ao fim da pista.
Os bancos, instituições pioneiras nas modernidades da competição, seguindo as normas da globalização, estão endividados e muitos em insolvência. Os mesmos que durante anos publicaram relatórios com lucros sempre a crescer. Instituições financeiras de grande crédito estendem a mão ao Estado para receber dinheiro. Dinheiro dos contribuintes.
Empresas de nome mundial, multinacionais de prestígio e de tecnologiasavançadas, dizem que estão com prejuízos. Esta confusão tem responsáveis. A “elite económica e política” é responsável pela crise que assola o mundo.
Se bem repararmos, entre nós, os economistas chamados a dar orientações à nação, são sempre os mesmos de há vinte anos. Os nomes são conhecidos. São os mesmos que fizeram as privatizações da banca, das seguradoras, das grandes empresas.
Empresas que hoje não existem, sendo Portugal comprador de tudo o que nessas empresas se produzia, fazendo cair sobre apaís uma dívida externa pesada e deixando no desemprego trabalhadores especializados.
A mesma “elite” que destruiu a pequena agricultura, prometendo uma agricultura moderna, terras férteis e produtos de qualidade, assiste agora sem vergonha à compra de quase tudo o que em Portugal se come, vindo de fora com custos que pesam na balança comercial.
Temos terras abandonadas, o interior desertificado, com população envelhecida e abandonada à sua sorte, porque as famílias do interior debandaram para as cidades, fazendo crescer periferias urbanas, onde se produz crime. Onde se aprendem habilidades de ocupar polícias. Onde se consomem subsídios sociais sem retorno.
Essa “elite” destruiu uma economia em muitos aspectos antiquada, mas que produzia para consumo caseiro. Agora, a gente compra nos grandes centros comerciais produtos que chegam de longe.
Chegamos ao fim da pista, vem a seguir o abismo, mas a mesma “elite”continua a determinar destinos. E o governo tirou da cartola milhões para salvar bancos que esconderam dinheiro em “off-shores”, bancos que negociavam empresas sediadas no papel.
Chegamos ao abismo. O mundo está governado por uma “elite económica e política podre”. Há excesso de ganância e uma pungente falta de ética. O bem comum cedeu lugar ao interesse de pequenos grupos. O mundo dos capitalistas está a reduzir à pobreza populações inteiras. E entre os senhores do dinheiro há guerras tremendas pela posse do que resta.
Estão a pedir “rua”, revolta do mundo empobrecido.
E para rematar: “Os donos do capital vão estimular a classe trabalhadora acomprar bens caros, casa e tecnologia, fazendo-a dever cada vez mais, atéque se torne insuportável ... o débito não pago levará os bancos à falência,que terão de ser nacionalizados pelo Estado”. Isto foi escrito por Karl Marx em 1867. Grande profeta!...

2 comentários:

Anónimo disse...

Marx acima de tudo era um divagador, pensador que quando escreveu isto estava a viver no seu país mas depois de ter vivido na bélgica, de ter passado por Inglaterra e ainda ter sido expulso de França, ou seja ele tinha conhecimento económico e cultural de toda a Europa, melhor que minguem.
Se situarmos isto cronologicamente, vimos que em 1867 Karl escreve este texto, 1883 ele morre, 1914 primeira guerra mundial.
Ao ler o texto do Medina Correia (“entre os senhores do dinheiro há guerras tremendas pela posse do que resta” ) e olharmos para a historia dá que pensar!o que será que vem ai?!
Corradi

JPG disse...

Os avisos vão-se sucedendo, embora nem sempre a História de repita...