A enclavar desde 2005

«São meus discípulos, se alguns tenho, os que estão contra mim, porque esses guardaram no fundo da alma a força que verdadeiramente me anima e que mais desejaria transmitir-lhes: a de se não conformarem.»
Professor Agostinho da Silva





23 janeiro 2013

E se não houvesse (esta) oposição???

Retrospectiva geral:

- Em Abril de 2011, Portugal pagava juros altíssimos para se financiar, ou seja, estava a um passo da bancarrota e o então P.M. "quase engº" fez este anúncio:


- Iniciam-se negociações lideradas pelo governo em funções (PS, com Sócrates e Teixeira dos Santos à cabeça) para assinar o memorando de entendimento (documento que traça as linhas mestras para o país sair da brutal crise económica na qual foi deixado cair, elaborado com quem nos emprestou o dinheiro a juros muito mais baixos do que os mercados - a tal TROIKA) que teria também a participação do PSD e do CDS.

- Alguns meses mais tarde, em Junho de 2011, decorreram eleições legislativas e os dois partidos - Bloco e PCP, que decidiram nem sequer negociar o memorando com os nossos credores, tiveram resultados muito fracos (setecentos e poucos mil votos - o CDS elegeu tantos deputados como os dois partidos juntos), mostrando claramente que mais de 70% dos portugueses preferiam o acordo e o dinheiro (embora quem conheça a mentalidade "Tuga" possa imaginar que alguns preferiam apenas o dinheiro, deixando o acordo para ser rasgado).


- Durante um ano e meio, foram aplicadas várias medidas que trouxeram desemprego, falências, redução do poder de compra e algumas manifestações.

- No início de 2013 Portugal paga taxas de juro muito mais baixas - ao nível de 2010 e como mostrou ter credibilidade, por cumprir o estipulado no memorando, é-lhe concedido mais tempo para pagar a dívida, o que pode trazer confiança aos mercados e aliviar as contas públicas, promovendo o tão desejado crescimento económico.

- Entretanto, por cá, a oposição fica triste por o défice ter sido cumprido (a confirmação será mais logo), todas as avaliações da TROIKA serem positivas, estarmos a pagar juros muito mais baixos, termos conseguido regressar aos mercados mais cedo e ser-nos concedido mais tempo para pagar a dívida - dizem que "é o resultado do fracasso do governo" - imagino se fosse um sucesso...

Vejamos a coisa pelos olhos da TOIKA:
Se uma pessoa que passasse o dia no café vos pedisse muito dinheiro para fazer frente às suas despesas mais básicas, provavelmente emprestariam, mas impunham condições - que fosse menos vezes ao café...

Se passado algum tempo o devedor continuasse a gastar exageradamente, provavelmente nem sequer pensavam em lhe fazer chegar mais dinheiro, mas se vissem que estava a fazer um esforço e a tomar um rumo na vida (mesmo que fossem notórias algumas privações...), provavelmente não se importariam de lhe dar mais tempo para pagar ou lhe baixassem os juros, para que pudesse orientar melhor as suas contas.

Claro que a confiança precisa de esforço e tempo, não aparece do nada, daí o título deste post...

Não contabilizando os partidos do "contra" que não só se recusaram a negociar, como se pudessem, rasgavam todos os documentos assinados com que nos emprestou dinheiro para pagar ordenados, reformas e medicamentos, por exemplo. Esses representam 13% dos portugueses e têm muito pouca expressão.

Temos o PS, mas esse partido está fragmentado, pois tem uma liderança frágil, onde o Soares velho é que risca, apesar do António Costa se preparar para ser líder no curto/médio prazo e o "exilado em Paris" continuar a manobrar os Zorrinhos a seu contento, aguardando melhores dias, para reaparecer como um salvador.

Ainda assim, sendo o principal (não o único) responsável pelo estado a que chegaram as contas públicas, liderando as negociações com a TROIKA e sabendo que apesar de dolorosos (e alguns mal dados, sem dúvida), os passos estão maioritariamente no bom sentido, insiste em se colar à "esquerda radical" e atirar poeira para os olhos dos portugueses, zurzindo de tudo - até dos sucessos reconhecidos internacionalmente e pelos economistas nacionais.

Tivesse Portugal uma oposição melhor e não seria necessário afirmar mil vezes que não necessitaríamos de mais tempo ou mais dinheiro - pois é muito importante gerir as expectativas dos mercados e se tivéssemos pedido mais tempo há um ano atrás, provavelmente não nos seria concedido e pagaríamos agora taxas de juro muito mais altas.

Este governo tem que gerir a comunicação para o exterior e tentar manter caladas as vozes dos burros que nos empurraram para o atoleiro e insistem que a melhor maneira de sair é continuar a fossar.

Num momento tão delicado, exigia-se mais responsabilidade e sentido de estado a quem ambiciona (legitimamente) ser poder.

Se fossem inteligentes, tentavam que este governo endireitasse as contas o mais rapidamente possível, para depois eles poderem (des)governar de novo e chamar a TROIKA outra vez (sim, das três vezes que Portugal chamou O FMI, era o PS que estava no governo - duas vezes o Soares e uma vez o Sócrates).

P.S. - para os mais distraídos, o facto de Portugal se estar a financiar autonomamente e com juros mais baixos, faz com que também as grandes empresas portuguesas o estejam a fazer, podendo refinanciar-se e consequentemente investir mais e com isto virá o emprego e o crescimento económico. Está tudo ligado, certo????

4 comentários:

Zé Povinho disse...

O ex-ministro e fundador do CDS-PP sublinha que o regresso aos mercados "é bom para o país" mas "não é mérito do Governo".

"Ontem fez-se um grande festejo por Portugal ter regressado aos mercados. É bom para o país porque é o início de uma recuperação da credibilidade do Estado nos mercados financeiros internacionais, mas não é mérito deste Governo, o mérito é do senhor Mario Draghi", disse Freitas do Amaral
Ora aí está uma conclusão, da qual eu também concordo em parte. Se fosse só pelo trabalho deste governo, nem daqui a 50 anos iamos aos mercados. O resto? O resto é só conversa fiada, pois neste governo não há um único ministro ou secretário de estado que mereça qualquer credibilidade. As mentiras já foram tantas que perderam toda a legitimidade que tinham para governar. Só tenho pena da população portuguesa que não merecia ter politicos tão fracos e reles nestes últimos 30 anos e que só tiveram um objectivo em mente: encher os seus próprios bolsos e os dos amigos.
Não podemos continuar a apoiar esta escumalha. As eleições deviam ser para eleger pessoas que nunca estiveram filiadas em partidos nem tenham ligações promíscuas com pessoas ligadas aos partidos.
Saudações e um abraço!!!

JPG disse...

Pena essa afirmação cheirar a ressabiamento por vir de alguém que aceitou ser ministro de Sócrates (embora depois tenha saído por problemas na coluna - devem ser as hérnias de andar a apanhar batatas e a acartar lenha tantos anos...)

O Mario Draghi ajudou, mas convenhamos que algum mérito o povo português (pela estoicidade) e o governo (pela perseverança) tiveram.

Já quanto às classes políticas... concordo plenamente, já aqui escrevi muitas vezes que em Portugal, só chega ao poder quem tiver perfil político (no pior sentido da palavra), pois é necessário "encarneirar" num partido e dentro deste enfileirar-se no grupo mais forte e só aí poderá ser um dos escolhidos pela "pseudo-elite" que o lançará a votos.

Mas o que queria dizer com o post é que ficava bem à oposição (pelo menos a uma parte dela), não dizer sempre mal de tudo, até dos resultados positivos (que são tão poucos, infelizmente), pois assim descredibilizam-se e ninguém lhes liga, pois não passam de carpideiras.

Abraço!

Anónimo disse...

Não há dúvida que este Blog mais não é que PROPAGANDA DESTE (DES)GOVERNO E DO PSD.Até dá azia, dasseeeee. O ATENTO

A tinto disse...

É esta a argumentação dos que não concordam contigo, JPG?

Esperava melhor, mas o ATENTO pode sempre comprar vaselina, talvez faça bem a essa azia