A enclavar desde 2005

«São meus discípulos, se alguns tenho, os que estão contra mim, porque esses guardaram no fundo da alma a força que verdadeiramente me anima e que mais desejaria transmitir-lhes: a de se não conformarem.»
Professor Agostinho da Silva





09 janeiro 2014

Histeria colectiva???

Em Portugal (pelo menos) há uma tendência em seguir o jornalismo sensacionalista e mediático, sempre na busca do "mais" e do "maior".

Agora é o jogo em que a poderosa seleção de Portugal se viu surpreendida por uma fraquinha Coreia do Norte.

Perdíamos 3-0 logo aos 25 minutos (entrarem a dormir, isso sim, devia ser a grande surpresa desse jogo), mas ainda antes do intervalo já a coisa estava mais equilibrada e no final, quem não seguisse a "marcha do marcador" e apenas soubesse o resultado final, acharia que  o 5 a 3 teria sido um resultado bastante expectável e nada de extraordinário.

Relembro que Portugal só jogou duas vezes contra a Coreia do Norte, uma em 1966 onde nos vimos "à rasquinha" para dar a volta e outra em 2010 (Mundial da África do Sul), onde "esmagámos" os Coreanos por SETE a ZERO!!!

Mas é sempre a velha mania "dantes é que era bom!" ; "agora não valem nada"... um saudosismo que relega para um patamar inferior a estupenda recuperação da seleção capitaneada por Luís Figo (com Rui Costa, João Pinto e Paulo Bento, p. ex.) que no Europeu de 2000 conseguiu vencer a poderosa Inglaterra de David Beckham, Paul Scholes, Alan Shearer ou Michael Owen.

Para concluir pergunto... é um feito maior vencer a Coreia do Norte 5-3 depois de estar a perder 3-0 ou ganhar à Inglaterra por 3-2 quando primeiro estivemos a perder 2 - 0???

9 comentários:

Conselheiro disse...

O meu caro tem duas opções:

1) Ou deixa de ter um blogue;

2) Ou deixa de beber.

Conselho de conhecido.

Amigo do atento disse...

Epá deixe o homem descansar em paz.
Se não gosta, não veja!Não tem aulas para preparar?Você anda tão indignado que até parece rancor pessoal.Parece uma criança.

JPG disse...

Caro "amigo atento" Não sou eu quem andou com ele às voltas do estádio, pelas ruas de Lisboa ou a rebentar petardos. Também não sou eu que o quero mudar daqui a um ano para outra "morada eterna".

Já agora, sobre o que escrevi... nem uma palavra. Presumo que concorde.

JPG disse...

Caro "conhecido", tenho bem mais opções, por exemplo mandá-lo à merda ou não publicar o que escreve, mas não tomarei qualquer delas, pois assim sei que consigo manter o seu interesse em passar por aqui e como não resiste a um comentário, aguardo que venha cá pagar um copito ao "tasco".

Super-febras disse...

Caro rival (inimigo) ferranho Sportinguista:

Adoro a nossa Académica, sem fanatismos e com muito orgulho no seu historial e no seu presente pois lá vai, com tantas dificuldades e apresentando em muitos jogos um futebol muito bonito de ver, mantendo a sua presença no mais alto escalão do futebol Português.
Mas como quase todos os Portugueses não natos na nossa cidade capital ou nossa cidade invicta tenho uma costela que dói por um dos trez ditos grandes. Os que me conhecem sabem que sou Benfiquista no futebol, no hóquei no gelo do Maple Leafs, e no basquet dos Raptors.
Desnecessário será mencionar quanto amo o clube da minha terra o Sporting Club Ribeirense.
Desnecessário será também mencionar que o meu maior ídolo no futebol é Eusébio da Silva Ferreira. Deu-me grandes alegrias e entreteu-me como ninguém com o seu poder atlético, habilidade natural e vontade de vencer. Custa a crer que alguém assim também acabaria vencido pela mesma lei que nos vence a todos. Galáctico na fama mas humano e tão frágil quanto nós no seu passar pela Terra.
Bem mas não foi para falar de Eusébio que decidi comentar, apesar de achar necessário dar a conhecer a minha inclinação clubistica e opinião sobre a figura desportista e mediatica do mesmo, mas sim para responder a tua pergunta. Em tempos que já lá vão respondia-se a essa pergunta com outra pergunta em forma de indignação; -Então mas isso pergunta-se?

Que jogo! Assisti ao jogo pela televisão. Como o desafio aqui era à hora do almoço decidimos para que não predecemos muitas horas de trabalho não regressar à nossa vila, onde poderíamos ver o jogo em companhia de claque Portuguesa mas ficar na vila de Newmarket e num Sports-Bar que eu conhecia, o Grey-Goat, entre cerca de cinquenta Ingleses e pelo menos um altivo Escocês, ver o jogo, matar a fome e afogar a sede com uns copos bem espumosos, negros e azedos de fresquissima Guinesses. Logo que chegámos ao parque de estacionamento fui logo criticado cinicamente por um camarada de Peniche que com um, - Ho pá, para onde é que nos trouxestes? , conseguiu arrancar um sorriso amedrontado aos outros dois camaradas, um Figueirense e o outro, um jovem nosso ajudante natural da bonita Praia de Mira. Chegámos atrasados e pela rádio já sabíamos que perdíamos por um a zero, ao arranjarmos mesa quando nos sentávamos aumentavam os Ingleses e na sala a Anglo-euforia reinava ensurdecedora. E já alguns bradavam cânticos victoriosos quando ouço em característico sotaque Escocês alguém dizer; -Nao façam festa antes do jogo acabar! Lembrem-se que estão a jogar com Portugal! Esta é a geração de ouro! Eu taciturnamente duvidada, os Ingleses troçavam e chamavam-lhe doido mas a nossa selecção fez dele o mais sábio, devorando o jogo e alternando o placar a nosso favor. Nunca quatro Portugueses e um Escocês fizeram tão grande algazarra, também com grande desportivismo por parte dos fans Ingleses que nos bombardeavam com perguntas sobre alguns jogadores que não conheciam, especialmente sobre o Abel Xavier que fez um grande jogo pela ala esquerda e sobressaía no relvado com o seu exótico e colorido penteado.
A verdadeira resposta, essa está nas posições de ranking que a selecção Norte-Coreana e a selecção Inglesa ocupam e têm ocupado durante os últimos cinquenta anos nos quadros da FIFA. Só otariamente se chega a outra conclusão!
E tu ainda perguntas?

Um abraço barrento.

Álvaro José

JPG disse...

Grande máquina!

Essa descrição soube-me muito bem!

Na altura estava a lecionar em Figueiró dos Vinhos e como tinha horário diurno e nocturno, aproveitei as horas de seca (saía por volta das 16:30 e entrava às 21:45 ou 22:00) +ara numa televisão pequena na sala dos professores ir comentando com o meu único companheiro (o vigilante da escola).

Quando marcámos o terceiro golo, até nos abraçámos, como se estivéssemos no meio de uma multidão.

Abraço e viva a Briosa e o nosso Ribeirense!!! Eheheh!

Anónimo disse...

VIRA MINIS
"Começou já, e era de esperar quer começasse, a campanha para que Eusébio se junte às figuras nacionais sepultadas no Panteão Nacional (designação que a lisboeta Igreja de Santa Engrácia partilha com o Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra). O PS apressou-se, o PSD não quis ficar atrás, o CDS idem. PCP e BE estão “receptivos”. Em ano de eleições, uma medida “popular” pode valer atenções populares. Os partidos sabem isso e avançam, destemidos. Mas o que significa Eusébio no Panteão? Melhor: o que significa, para Portugal e para os portugueses, o Panteão? Sabe-se quem lá está, e nem todos são nomes consensuais: a Almeida Garrett, Aquilino Ribeiro, Guerra Junqueiro, João de Deus, Manuel de Arriaga, Óscar Carmona, Sidónio Pais e Teófilo Braga juntaram-se, mais tarde, Humberto Delgado, Amália Rodrigues e Aquilino Ribeiro. E há uma campanha para que Sophia de Mello Breyner Andresen também para ali seja trasladada. Note-se que D. Nuno Álvares Pereira, o Infante D. Henrique, Pedro Álvares Cabral ou Afonso de Albuquerque “estão” lá, mas apenas em cenotáfios (memoriais fúnebres) porque todos estão sepultados noutro lado. E nomes tão relevantes para a identidade nacional como Luís de Camões, Fernando Pessoa, Vasco da Gama ou Alexandre Herculano estão no Mosteiro dos Jerónimos. Por aqui se vê que nem o Panteão é representativo da chamada “alma nacional”, ao contrário do que muitos pensam, nem todas as figuras que abriga reúnem (ou reunirão, apesar de lá estarem) consenso nacional. Dito isto, Eusébio, como Amália, não apenas reúne consenso como foi durante muitos anos símbolo de Portugal. Não foi presidente, nem político, nem homem de letras. Foi um futebolista, nascido em Moçambique, o maior de Portugal, um dos maiores do mundo. Portugal identifica-se com ele, na hora da sua morte, como se identificou em vida. Se o puserem no Panteão não virá daí nenhum mal à Pátria. Mas decidam, de vez, para que serve o Panteão."

Super-febras disse...

Joãosinho:
Ora aqui está mais uma das razões que me leva a escovilhar sempre que me é possível o teu blog e os comentários que este atrai. O comentário de ontem feito pelo (infelizmente) teu leitor anónimo é disso prova. É só pena que um comentário bem escrito, com fundamento, que nos induz no pensamento e nos traz à discussão chegando mesmo a ser de valor académico especialmente quando nos (pessoas como eu mais pecas no Português ) ajuda no significado das palavras mais caras da nossa língua (apesar de ser de origem grega "kenos taphos") comece com um insulto pessoal e que substituindo "minis" por "wiskey's" seria bem descritivo da pessoa que o mesmo defende transladar ou por túmulo vazio fazer representar no panteão nacional.
Bem como o não é pela vida de boémia ou uso de álcool que valorizamos Portugueses como duBocage, Fernando Pessoa, o ilustre Luis de Camões e até Eusébio também o não é pelas "letras" que nos tornamos educados ou cívicos. É pena.
Uma das pessoas, com grande referência na minha vida, que com mais educação conheci foi um homem do teu barro e que no barro ganhou o pão de cada dia, o Sr. Francisco Marceneiro, analfabeto...

Ainda um dia destes viraremos umas minis, penso que teremos muito a discutir e que só ganharei com isso, é claro desde que aceites o meu convite.

Um abraço
Álvaro José

JPG disse...

Convite aceite!!!

Só a falar sobre o meu tio Xico, ficaríamos algumas horas e ambos sairíamos a ganhar.

Claro que se o critério para o Panteão Nacional é seriedade, humildade e cortesia, conhecemos uma dezena de ilustres portugueses que já nos deixaram e tinham esses atributos aos molhos.

Abraço!