A enclavar desde 2005

«São meus discípulos, se alguns tenho, os que estão contra mim, porque esses guardaram no fundo da alma a força que verdadeiramente me anima e que mais desejaria transmitir-lhes: a de se não conformarem.»
Professor Agostinho da Silva





10 fevereiro 2015

Muito mau

No Egipto, há 3 anos, morreram 72 pessoas na sequência de desacatos provocados pelo público de um jogo de futebol.

Daí para cá, os jogos têm sido realizados "à porta fechada", ou seja, sem a presença de público.

Este fim-de-semana a restrição terminou e antes mesmo do jogo começar, novos desacatos, desta vez com cerca de 30 mortos (os números oficiais ainda não foram contabilizados).

Mas isso é no Egipto...

Por cá, nos últimos anos temos assistido a dirigentes irresponsáveis, treinadores incendiários e comentadores inconsequentes.

Claro que o "povão" é estúpido e os valores morais e de sensatez estão "fora de moda", por isso, de vez em quando lá temos um adepto esfaqueado nas costas, uns desacatos e...

...eis que este fim-de-semana, com derbis em futsal e em futebol, a coisa aqueceu.

Uma claque encarnada levou uma faixa enorme onde relembrava e "aplaudia" o fatídico dia em que essa (ou outra) claque benfiquista lançou um very-light na direcção dos adeptos do Sporting, provocando a morte imediata a um inocente homem (por acaso do Luso) que pacatamente assistia à final da Taça de Portugal.

Aquilo que num país civilizado devia servir para reflexão (jamais repetível e, porque não, os dois clubes organizarem um troféu com o nome do malogrado, de modo a que fosse um ponto de união e não de rancor ou regozijo por um assassinato), em Portugal tem o efeito contrário.

Como se viu pela faixa que esteve durante todo o jogo sem incomodar os responsáveis máximos pelo clube da casa (SLB) que assistiram ao jogo e pelo arremesso propositado de "petardos" ou outras porcarias pirotécnicas para a bancada onde se encontravam adeptos "normais" do Sporting. Digo "normais", pois não são elementos de claques, antes cidadãos comuns, famílias (mulheres e crianças).

Claro que neste caso apenas se devem responsabilizar os palermas que arremessaram tais artefactos e colocaram em risco a integridade, ou mesmo a vida, de inocentes.

Saúdo a postura da Associação de Adeptos Benfiquistas (AABE) que criticou a atitude de alguns simpatizantes encarnados nos dérbis de futsal e futebol contra o Sporting, no último fim de semana, lamentando as situações ocorridas no pavilhão da Luz e no Estádio de Alvalade.

«A AABE repudia a atitude de alguns adeptos do Sport Lisboa e Benfica; a apresentação de uma faixa que, por respeito à família do malogrado adepto sportinguista Rui Mendes, nos vamos dispensar de mencionar ou o arremesso de material pirotécnico na partida de domingo não são condizentes com as mais elementares regras de fair-play. Somos rivais, não inimigos - quem não entende estas regras está muito provavelmente a mais no espectáculo desportivo(...)»

Naturalmente que condeno o "basófias" do presidente do Sporting por criar um clima de guerrilha constante (contra tudo e contra todos) e o presidente do SLB por ter visto a faixa e não a ter mandado retirar imediatamente.

P.S. - em quase todos os jogos há faixas com provocações, mas esta foi longe demais e algures deve estar o limite entre "picardias" e memórias trágicas da família enlutada e até mesmo de vergonha pelo acto que provocou tal tragédia.

1 comentário:

Anónimo disse...

Tem toda a razão.
Só faltou falar sobre a origem e o porquê de terem exibido estas faixas.

Nem sempre o que dá o golpe mais doloroso é quem começa.

Apesar de tudo é uma vergonha
Como costumam a claques dizer
"JOGUEM À BOLA!"