A enclavar desde 2005

«São meus discípulos, se alguns tenho, os que estão contra mim, porque esses guardaram no fundo da alma a força que verdadeiramente me anima e que mais desejaria transmitir-lhes: a de se não conformarem.»
Professor Agostinho da Silva





16 dezembro 2016

Do "ti Mário"...

Chamei-lhe "ti", pois é assim que as pessoas com muita idade são carinhosamente tratadas.

Não merecerá tratamento especial da minha parte, pois mal tomei consciência política, ouvi e percebi um estilo e uma ideologia que não me cativaram, nunca!!!

Ainda assim, tentarei não ultrajar a sua pessoa, reduzindo-me a 2 factos:

- É o pai da liberdade, o pai da democracia (no PS é assim, são sempre pais... basta vermos o SNS ou até o Magalhães, nenhum tem pai incógnito, embora alguns me pareçam bastardos...), defensor acérrimo da "coisa pública", mas... lá está num hospital privado (de resto, há 4 anos esteve internado noutro privado - Hospital da Luz e, tal como o seu correlegionário Guterres e outros ilustres socialistas defensores do público, costuma "utilizar" o hospital da CUF - igualmente privado).

- O hospital da Cruz Vermelha consegue assim uma publicidade (com TVs à porta) e lá vai fazendo a vontade aos jornalistas e, principalmente, aos Sponsors, através de boletins clínicos quase de 4 em 4 horas (como a medicação). Curioso é que como parece estar um pouco melhor, hoje deixou de ser "Doutor... Mário Soares - a pausa foi pronunciada assim mesmo) e passou a ser referido como "Presidente Mário Soares). Estamos nos E.U.A. ou o presidente de uma Fundação ou mesmo de uma Associação de Pais já é tratado assim? A não ser que o sr que amavelmente vem fazer a "prova de vida" não tenha estado por cá desde 9 de Março de 1996, data em que Mário Soares deixou de ser P.R. - bom, mas o importante é ele concluir o boletim clínico com "continua internado nos cuidados intensivos do Hospital da Cruz Vermelha", afinal é para isso que lhe pagam.

Agora as questões paralelas:

- Mário Soares, homem idoso e gravemente doente, logo passível de condescendência e bondade extra, não a teve quando um ser humano (de quem não gostava nada) caiu e ficou à morte.
«Dois ou três dias depois, Salazar caiu da cadeira. E eu fiquei eufórico, porque percebi que ele ia morrer». 

Posto isto, a comiseração pode abrandar, pois sendo laico e homem duro (como acima se prova e também em expressões como «atirem os brancos aos tubarões», sobre os "retornados" a quem chamava de colonos, aposto que não iria gostar que ficasse algo por dizer, sobre o "pai da liberdade"...

- Dizem que está inconsciente (não estava já há alguns anos???), que não morrerá ainda (pois tem que "pagar" cá o muito mal que fez), que estão com muita pena, daí demorar mais a ir-se.

Mas eu acredito que ainda não pensaram bem a que lhe vão dar o nome (seria o aeroporto da Ota, onde comprou terrenos para especular, mas não se chegou a construir... talvez ao Centro Cultural de Belém, trocando a palavra Belém por M.S.).

Não tendo culpa, o certo é que entretanto, ainda vão centenas de crianças em Alepo...

1 comentário:

Elisabete disse...

Uma reflexão bem pertinente!